domingo, 23 de outubro de 2016

Bitcoin - Anonimato, Rastreabilidade, Misturação (SESSÃO VIRTUAL)

Leitura:
Bitcoin white paper section 10
Research Perspectives & Challenges section VII
A Fistful of Bitcoins: Characterizing Payments Among Men with No Names

Audiovisual:
Lecture 6 — Bitcoin and Anonymity
Zerocoin: Anonymous Distributed E-Cash from Bitcoin
Bitcoin: Privacy, Identity, Surveillance and Money - Barcelona Fablab Meetup March 2016

6 comentários:

  1. O suposto anonimato que a moeda digital permite aos seus usuários provém de um erro de entendimento não só do Bitcoin, mas da ideia de moeda digital em si. Vamos observar que; se uma pessoa entrega para outra em dinheiro “vivo”, não há intermediário nem registro da transação. E, se neste processo, ambos não se conhecem, é possível dizer que a transação é completamente anônima. Pode-se deduzir que o anonimato é fato comum no nosso dia-a-dia, o que não ocorre em se tratando da moeda digital.
    Enquanto as chaves públicas de todas as transações, também conhecidas como “endereços Bitcoin”, são registradas na blockchain, tais chaves não são vinculadas à identidade de ninguém. Porém, se a identidade de uma pessoa estivesse associada a uma chave pública, poderíamos vasculhar as transações na blockchain e facilmente ver todas as transações associadas a essa chave. Dessa forma, ainda que o Bitcoin seja bastante semelhante ao dinheiro vivo, em que as partes podem transacionar sem revelar suas identidades a um terceiro ou entre si, é também distinto do dinheiro vivo, pois todas as transações de e para um endereço Bitcoin qualquer podem ser rastreadas. Nesse sentido, Bitcoin não garante o anonimato, mas permite o uso de pseudônimo.
    Sobre a parte de mistura de bitcoin, encontrei foi o CoinMixer. O misturador de Bitcoin rompe suas ligações entre novo endereço enviando moedas suas para outras pessoas e moedas delas para você e o seu endereço antigo. Também randomiza os valores das transações, adicionando tempos de atrasos entre as transações. Geralmente não há ligação entre o endereço final das moedas e a transação original. Esse processo protege sua privacidade previne que outras pessoas rastreiem seus pagamentos na internet.

    Sobre o misturador de bitcoin, tem mais sobre ele aqui: https://coinmixer.se/pt/

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    1. Eu diria que as transações em dinheiro também não são totalmente anônimas, dado que a pessoa expões as suas características físicas. Existe então a possibilidade de ser rastreado com isso, deixando de ter "unlinkability" (ou não-rastreabilidade) e por definição deixando de ser completamente anônimas.

      Sobre os mixers, eu encontrei muitos como esse CoinMixer. Tem o Fogify, Bitmixer, BTC Mixer, Mixy, e até o bem descarado BitLaunder. Mas de acordo com a palestra do coursera, eles ainda não foram implementados de maneira muito confiável. Existem alguns princípios que todos os mixers devem seguir para conseguir anonimizar um usuário da melhor forma possível. Um deles, por exemplo, é realizar todas as transações com um valor igual. Porém a maioria dos mixers aceitam um valor arbitrário do usuário. Então, quem quer anonimizar seus bitcoins tem que entrega-las para um mixer e confiar que o mixer não leve seu dinheiro e que faça o mixing de forma eficiente.

      Um nível maior de anonimidade pode ser atingido com os Zerocoins e Zerocash. Zerocoins operam num nível acima das Base Coins (talvez o Bitcoin, mas a ideia é ser algo geral para qualquer tipo de criptomoeda). Quem tem uma moeda da Base Coin associada ao seu endereço pode trocar por uma Zerocoin, que deve ter o mesmo valor ou próximo disso, e depois troca a Zerocoin por uma Base coin em outro endereço sem ter que revelar as suas moedas originais que foram trocadas por Zerocoin. Zerocash é a evolução dessa ideia onde não é necessário ter essas duas criptomoedas simultaneamente e é bem mais eficiente nas suas provas que o Zerocoin.

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  2. A anonimidade na rede das criptomoedas se dá pela combinação de uma espécie de pseudônimo com o fato de diferentes interações de um mesmo usuário com o sistema não ser vinculada com as de outro. Tal desvinculação é necessária uma vez que muitos serviços de bitcoins requerem identidade real e a maioria dos perfis vinculados podem ser descobertos por usuários adjacentes pertencentes a rede. No contexto do Bitcoin essa desvinculação assume que tanto os endereços como as transações do Bitcoin não são ligadas as identidades reais dos usuários, além do fato que os dados dessas transações são encaminhados para um conjunto aleatório de pontos na rede. Tal desvinculação pode ser quantificada definindo um 'modelo' de adversário, detro de um conjunto 'enigma', bem como suas informações e intenções. Existe um certo conflito no dilema anonimidade e descentralização, visto que protocolos interativos com um intermediário são difíceis de descentralizar e a própria descentralização frequentemente alcança os usuários via rastreamento público para reforçar a segurança.
    Alguns problemas ameaçam o anonimato da rede Bitcoin. Um deles diz a respeito do fato que embora as transações sejam enviadas aleatoriamente pela rede, um hacker que possa se conectar a vários pontos, pode observar alguma combinação entre os dados coletados a partir desses pontos. Além disso, os endereços de Bitcoin podem ser vinculados a identidades reais caso essas sejam usadas de alguma forma com tais endereços. Apesar desses fatos, uma possível maneira de prejudicar o anonimato vem do fato que todas as transações da rede são completamente transparentes e rastreváveis por qualquer pessoa, logo, se apenas em um grupo de endereços agrupados, um desses está vinculado a uma identidade no mundo real, todos os outros endereços podem estar, caso haja algum método de 'desanonimação' associado.
    Infelizmente, tanto as atividades para melhorar o anonimato do Bitcoin quando para prejudicar essa propriedade existem por grupos em espalhados pela rede. Algo interessante que notei em uma das palestras foi o dilema da Rede Tor, que é uma rede de comunicação anônima, cujo tanto o remetente quanto o recebedor são desvinculados, de modo que se as transações do Bitcoin forem transmitidas por uma rede desse tipo, não há como determinar de onde foram originadas( esse tipo de rede é muito utilizado por jornalistas, ativistas e até mesmo por usuários que alimentam a pornografia infantil pelo mundo). Além dessa solução, uma outra seria a possibilidade de habilitar um novo endereço para cada nova transação criada, já que isso poderia dificultar a vinculação de endereços a identidades reais.
    Um dos métodos utilizados atualmente para promover a melhoria na privacidade da rede é a misturação. Os atuantes desse método, ou seja, os misturadores, permitem que usuários recebam bitcoins uns dos outros utilizando esses artifícios, de modo que a 'mistura' impede a análise de redes de transação por parte usuários até mesmo maliciosos. O CoinJoin, um método de promover o anonimato, é um exemplo de estratégia de mistura, onde o trabalho dele é fundir entradas e saídas de vários usuários em uma única transação, de modo que não seja assumido que todas as transações pertençam a um mesmo usuário. Apesar disso, essa estratégia não faz a retirada de todas as associações de um endereço, já que tantos as entradas como as saídas estão contectadas dentro de um certo limiar. Para dificultar a análise de quantidade, os misturadores podem requisitar que todos os usuários enviam a mesma quantidade de mistura, apesar do fato de que alguns serviços combrar alguma taxa por isso, o que pode dificultar a relação confiável entre as entidades envolvidas. Mesmo com os problemas recorrentes em relação a misturação, os usuários do Bitcoin podem contar com um certo nível de privacidade, apesar do fato de que isso dependa do tanto de informações que eles venham a revelar ou até mesmo informações sobre as técnicas de anonimização e como eles se utilizam dessas.

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  3. É importante especificar bem os limites do anonimato provido pela rede Bitcoin. Embora, em relação às redes de pagamentos existentes, a rede Bitcoin ofereça garantias muito fortes de anonimato e não-rastreabilidade, isso não quer dizer que não seja possível identificar e rastrear as ações de um dado usuário se esse usuário não entender os limites do anonimato provido pelo sistema e não tomar as devidas precauções.

    Eu discordo da visão de que o Bitcoin não forneça anonimato. A única identificação possível de um usuário na rede Bitcoin é a sua chave pública, e um mesmo usuário pode gerenciar um número virtualmente infinito de chaves públicas, desde que possua as chaves privadas que lhe garantem controle sobre os Bitcoins atribuídos àquela chave pública. Todavia, se o usuário não for cuidadoso, pode ser possível, através das atividades de sua chave pública, determinar quem ele é. Para evitar isso, duas precauções principais podem ser tomadas. A primeira, mais simples, é variar suas atividades entre várias chaves públicas - efetivamente dividir suas atividades financeiras entre vários "nomes", impedindo a identificação de padrões comportamentais.

    A segunda, que foi discutida em sala e é mais sofisticada, é a misturação de transações. A misturação de transações consiste em fundir entradas e saídas de usuários, de forma tal que o resultado final da operação é o mesmo que seria sem a misturação (em termos de quantias de bitcoin trocadas), mas é realizada uma grande quantidade de trocas essencialmente espúrias de bitcoin para "confundir" agentes que tentem rastrear o caminho dos bitcoins para identificar as relações de pessoas envolvidas na rede.

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  4. Em sessões passadas já analisamos algumas consequências diretas do anonimato das transações de Bitcoin, mas os aspectos mais discutidos foram o da ausência de provas que linkem uma identidade social a uma (ou várias) chaves secretas. O Bitcoin é implementado dessa maneira de propósito, e evita que outras instituições possam impor seu controle sobre as transações realizadas. Mas essa anonimidade é, na verdade, a não existência da garantia de que é possível associar uma transação às partes envolvidas nela. A existência de excessões é suficiente para servir de argumento contra a montagem de um sistema de controle centralizado acoplado à rede, mas não é garantia de anonimidade para os casos específicos. O que o Bitcoin possui, a nível técnico, é pseudonimidade, que é a utilização de uma identidade específica, e que não necessariamente é sabidamente equivalente a uma pessoa física. Para utilizar a pseudonimidade na construção de uma anonimidade, é necessário impossibilitar a associação entre o pseudônimo e a razão social.
    Por trás da anonimidade existem as suas razões, e as mesmas podem ser separadas em boas e más pelo julgamento de uma moral específica. Porém, embora as motivações para a anonimidade possam ser tão distintas, tecnologicamente há pouca diferença, e separar essas anonimidades não é uma opção. Dessa maneira, inicia-se um debate sobre os prós e contras oriundos da anonimidade, e se a mesma deve ser garantida ou combatida.

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  5. Existem diversos serviços na internet a qual todos se prontificam em em dar um certo anonimato para as pessoas poderem falar e se expressar oque quiserem sem ser identificadas. Uma vantagem é a imensa liberdade a qual é dado para tais pessoas e uma desvantagem é a imensa "liberdade|libertinagem" a qual é dada para as pessoas. Pois muitos podem usufruir da rede para fazer coisas ilícitas estando protegidas atrás de uma tela de computador, por outro lado, os bitcoins não são anonimos eles são pseudoanonimos.

    pelo oque eu entendi esse "anonimato" do bitcoin se deve a 2 motivos:
    1) As tranzações de bitcoins e seus pagamentos não estão linkados diretamente a uma identidade de internet.
    2)Os endereços de bitcoins também não são linkados a identidade de um usuário
    Porém há possibilidade de se derrubar essa anomicidade da rede, oque torna os bitcoins "pseudoanonimos"

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